terça-feira, março 31, 2009

SUBTILE LUMINOSITÉ À VIVRE



"O amante se prova verdadeiro pela dor em seu coração;
Não há mal como o mal do coração.
A dor do amante é diferente de todas as dores;
O amor é o astrolábio dos mistérios de Deus.
Pode o amante suspirar por este ou aquele amor,
Mas no fim é atraído ao Rei do Amor.

Por mais que se descreva ou se explique o amor,
Quando nos apaixonamos envergonhamo-nos de nossas palavras.
A explicação pela língua esclarece a maioria das coisas,
Mas o amor não-explicado é mais claro.
Quando a pena se apressou em escrever,
Ao chegar no tema do amor, partiu-se em duas.
Quando o discurso tocou a questão do amor,
A pena pena partiu-se e o papel rasgou-se.
Ao explicá-lo, a razão logo empaca, como um asno no atoleiro.
Nada senão o próprio Amor pode explicar o amor e os amantes.

Ninguém senão o Sol pode revelar o sol,
Se o vires revelado, não lhe dê as costas.
Sombras, de fato, podem indicar a presença do sol,
Mas só o sol revela a luz da vida.
Sombras trazem sonolência, como as conversas ao anoitecer,
Mas quando o sol se levanta, "a lua está fendida".
No mundo, nada é tão prodigioso como o sol,
Mas o Sol da alma não se põe e não possui ontem.
Embora o sol material seja único e singular,
Podemos conceber sóis semelhantes a ele.
Mas o sol da alma, além deste firmamento,
Nada se iguala, seja concreto ou abstrato.
Onde haverá lugar na concepção para Sua essência,
Para que algo similar a Ele seja concebível?"


poema: Descrição do Amor
autor: Jalaluddin Rumi